quarta-feira, 27 de junho de 2012

Bravo e o iludido

                                                                            

Recentemente assisti um comercial da Fiat, mostrando o modelo Bravo 2013. Nesse caso, me chamou atenção como foi levado ao extremo o velho know how das propagandas.

Muitos desses comerciais, na tentativa de vender o produto, alardeiam os acessórios desse( motor de x cavalos, entrada USB, blue-ray...), o prazer e conforto da direção, etc; mas nesse, o discurso é mais explícito.

Desde o início, o personagem perde lentamente sua identidade: começa a desaparecer, sumir dos retratos... Somente após entrar no Bravo que o efeito cessa. A partir daí seu carro, e pois ele, passam a ser notados; principalmente pelas mulheres - no desenrolar do comercial, as cenas principais são com mulheres admirando o ''carro''.

O que se entende disso? Simplesmente que para ser reconhecido pelos outros(colegas de trabalho, amigos, mulheres...) é preciso ter algo; seja o carro do ano, roupas caras, jóias; enfim, objetos. Um discurso desses representa bem o fetichismo da mercadoria, onde o sujeito é subjugado por um objeto; o objeto, como que por feitiço, ganha ''vida'' e passa a definir a pessoa humana.

Um fato desses é apenas mais um exemplo de que, na sociedade vigente, o ser humano é encarado como um meio(comprar, produzir, consumir...) e não um fim em si mesmo(pensar, praticar esportes, estudar, amar...); o sujeito, assim, termina por se coisificar.

quinta-feira, 21 de junho de 2012

No meio do caminho havia uma roda

Independentemente de que dia, ontem morreram cerca de 160 pessoas no trânsito. Eram vidas; homens e mulheres que possuíam planos, família, amigos... Tudo isto foi cortado pelo caos do trânsito brasileiro; ato esse que deveria ser simples e seguro, mas que acaba virando uma odisséia. Mas, afinal, de quem é a culpa?

De início, pensa-se nos motoristas imprudentes que, por exemplo, dirigem sobre o efeito do álcool. Essa visão está correta; contudo, ao desconsiderar o contexto social, no qual ela está inserida, ela acaba por se tornar superficial.

Ora, mas quem mais poderia ser responsável? Dois grandes atores de peso: o Estado e a iniciativa privada. Aquele falha, por exemplo, ao não fornecer um transporte público de qualidade e acessível e ao não formar cidadão aptos a zelar pelo bem comum (basta olhar a depredação em vários trens e ônibus); este, ao promover o consumo de automóveis, através da lógica capitalista, e reforçar o individualismo potencializa a violência nas estradas.

Diante desse cenário, urge realizar medidas de caráter público. É, portanto, vital recuperar os transportes públicos(ônibus, trens, metrôs, etc); recuperar a educação brasileira(aumentando o financiamento para 10% e melhorando a gestão desses recursos); impor limites, assim como com os cigarros, à propaganda de automóveis - seria interessante, por exemplo, impedir propagandear carros circulando em cidades vazias; como se não houvesse engarrafamento, sinais... Estas mudanças, algumas dentre várias outras, são um bom começo para tirar essa roda que se instalou em nossos sapatos.

quarta-feira, 20 de junho de 2012

De olho na rede


A internet pode ser definida como uma rede de usuários, desde pessoas à empresas como a Microsoft. Nessa são transmitidas imagens, textos, vídeos; enfim, informação. Os efeitos desse processo, positivos ou negativos, variam de acordo com o uso. Para os que pretendem evitar transtornos é necessário responsabilidade.

Um primeiro modo de demonstra-la seria estar atento ao que se fala: em um meio virtual, fala-se algo grosseiro ou até mesmo intolerante. Além de causar desconforto - como quando um amigo não capta a ironia - , é possível conter um crime; a exemplo de Mayara Petruso que perdeu seu estágio em um escritório de advocacia ao ofender nordestinos.

Outro seria evitar a publicação excessiva do cotidiano: já houve casos, por exemplo, de pessoas que foram alvos de criminosos, apenas porque esse monitoravam sua rotina pelo Facebook ou Orkut. Em casos mais extremos dados, que sequer foram repassados à rede, foram expostos na Internet; a exemplo do que recentemente aconteceu com Carolina Dieckman.

Um terceiro seria referente a ''políticas de privacidade. Corporações como o Google, a fim de estipular um perfil de consumidor do usuário, transferem dados dele à outras empresas; como poucos se informa sobre isso, acabam por, sem se dar conta, ter uma intimidade invadida.

Enfim, urge que os indivíduos preservem seus dados pessoais e, por outro lado, o Estado intervinha na forma como as informações são veiculadas via Internet, de modo a conciliar privacidade e liberdade.

A cor em evidência


Entende-se por racismo toda prática que inferiorize um grupo étnico(como índios e negros). Um processo desses, já desqualificado pela ciência, é uma clara afronta aos direitos humanos e, portanto, passível de enfrentamento. Mas, o que são os direitos humanos?


São tudo, seja material ou não, que um ser humano deve possuir( direito à alimentação, saúde, educação, etc). Algo assim pode ser defendido, não apenas por sentimentos de empatia, mas também por razões práticas; as sociedades mais desenvolvidas são um exemplo concreto disto: por, historicamente, terem adotado forte políticas pró educação, saúde, renda, etc, possuem não apenas um maior senso de solidariedade mas também melhor qualidade de vida.


Sob o ponto de vista destes direitos, o racismo é uma agressão, já que, graças a ele, a alta estima é quebrada, empregos são negados, pessoas são humilhadas; em suma, um grave problema social.


Mas, como se dá o racismo? Ele se manifesta de diversas maneiras, podendo ser em uma forma explícita, quando, por exemplo, um negro é chamado de macaco; implícita, a exemplo do tratamento diferenciado dado pela polícia aos negros; interno, quando um negro não se encara como tal, tentando se passar ao máximo por branco ou algo próximo disso.

A fim de coibir tais práticas, foram implementadas uma série de ações pelo Estado brasileiro: cotas sociais, raciais, criminalização do racismo, criação do Estatuto da igualdade, etc. Essas ações, embora aceitas por muitos, sofreram oposição de certos segmentos da sociedade - a exemplo da ação de inconstitucionalidade levantada pelo DEM em relação às cotas raciais.


A despeito das resistências, o Estado continua a defender os direitos humanos. No tocante ao racismo, é essencial atacar sua raiz: quebrar o abismo econômico e, pois, social que existe entre brancos e negros; através da recuperação dos serviços básicos (saúde, educação, segurança...) e de políticas distributivas(como a instituição da reforma tributária). Até lá, o Brasil não deixará de ser um projeto de democracia racial.